O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a sede da Polícia Federal (PF) em Brasília por volta da 17h40 desta quarta-feira, 5, depois de prestar depoimento por pouco mais de três horas. O ex-chefe do Executivo foi indagado sobre os conjuntos de joias e as armas que ganhou de presente do governo da Arábia Saudita em 2021.
Prestaram depoimento outras nove pessoas, cinco delas em Brasília e quatro em São Paulo. O objetivo da Polícia Federal foi impedir que os investigados pudessem combinar o que dizer às autoridades.
Um dos depoentes é o antigo ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. De acordo com a PF, o militar foi responsável por uma das supostas tentativas de reaver as joias que ficaram retidas com a Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
O ex-presidente nega possíveis irregularidades e afirma que os objetos foram cadastrados no acervo da Presidência da República — como determina o protocolo. Ao desembarcar no Brasil na semana passada, Bolsonaro voltou a rebater as acusações de que queria esconder os objetos. “Se eu quisesse camuflar, jamais descobririam isso aí”, afirmou.
Em 2021, o governo brasileiro tentou entrar no Brasil com um conjunto de colar, anel, relógio e brincos de diamantes, avaliado em € 3 milhões — o equivalente a R$ 16,5 milhões. Esses produtos seriam presentes do governo da Arábia Saudita para Bolsonaro e para a então primeira-dama, Michelle.
O então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que teve conhecimento do que eram os presentes apenas ao chegar ao Aeroporto de Guarulhos. Até então, a caixa com os objetos estava lacrada. Nem mesmo as autoridades da Arábia Saudita informaram o que havia nos pacotes, conforme o ex-ministro de Minas e Energia. Por causa da exigência de pagamento de imposto de importação e multa, os itens ficaram retidos na Receita Federal.
Depois da repercussão do assunto, o ex-secretário Fabio Wajngarten divulgou um documento que mostra um agradecimento de Albuquerque à Arábia Saudita. No texto, o ex-ministro afirma que os objetos seriam “incorporados ao acervo oficial brasileiro”.
Revista Oeste